Nota 1: A checklist “10 aspetos críticos de acessibilidade funcional para aplicações móveis” é a lista de verificação a que se faz alusão no artigo 9.º, n.º 2, alínea b) do Decreto-Lei n.º 83/2018 e deve ser usada de acordo com a metodologia referenciada no diploma:
“2. Para as aplicações móveis, as entidades previstas no artigo 2.º devem adotar os seguintes procedimentos:
(…)
b) Procedimento simplificado manual, correspondente a uma avaliação manual pericial a uma amostra de páginas que permita responder à diversidade de elementos constantes da lista de verificação para aplicações móveis publicada no sítio web www.acessibilidade.gov.pt;”
Nota 2: O presente documento pode ser comentado no seu repositório no GitHub. Se tem algo que nos queira dizer abra um issue.
Na experiência com dispositivos móveis os ecrãs são, em regra, muito mais pequenos do que nos computadores de secretária ou mesmo nos portáteis. A leitura e a interação num ecrã de dimensão reduzida obriga a que a informação seja apresentada de forma mais concisa e, para o caso da interação, esta deva ser construída dando particular atenção às dimensões reduzidas dos alvos de toque.
Normalmente os dispositivos móveis são controlados por gestos, tais como passar um ou mais dedos em várias direções ou dar um ou mais toques com um ou mais dedos. No entanto, os gestos disponíveis por defeito nos dispositivos não funcionam para todas as pessoas. Gestos complexos, como sejam os gestos para desenhar formas, que obrigam a usar vários dedos ou a efetuar múltiplos toques, são difíceis, ou mesmo impossíveis, de compreender ou executar por alguns utilizadores. Por isso, é importante que os gestos sejam sempre acompanhados por opções alternativas que permitam o controlo via tecnologias de apoio ou que respondam aos diferentes métodos de controlo alternativos. Os movimentos involuntários dos utilizadores podem colidir com funcionalidades que são ativadas com o movimento dos dispositivos. É por isso importante que os dispositivos permitam a sua desativação e a existência de formas alternativas de executar tais funcionalidades.
Os gestos nem sempre são intuitivos, especialmente quando fogem do padrão regular ou correspondem a padrões pouco utilizados. Algo semelhante acontece com as ações disponíveis num determinado momento - nem sempre é óbvio para todos os utilizadores que ações estão disponíveis e que decisão tomar.
Para que os utilizadores não façam involuntariamente coisas como abrir um menu que não queriam ou sair de um processo que desejavam continuar, é importante fornecer contexto e instruções de como prosseguir num dado ponto de um sítio Web ou de uma aplicação móvel.
Uma das caraterísticas mais distintivas dos dispositivos móveis é a existência de um ecrã sensível ao toque. No entanto, nem todos podem navegar ou inserir dados através de gestos ou toques precisos no ecrã. O conteúdo não deve impedir o uso de outros métodos de operar a interface ou de inserir dados que existem para além do toque no ecrã. É importante que os métodos de operação e inserção de dados disponíveis suportem dispositivos de entrada alternativos, como sejam os teclados externos, dispositivos apontadores, manipulos e outras opções acessíveis. A diversidade dos métodos de operação e inserção torna o conteúdo móvel mais acessível e utilizável a pessoas que têm dificuldade em usar ecrãs sensíveis ao toque.
O tamanho reduzido dos ecrãs dos dispositivos móveis levam os utilizadores a redimensionar frequentemente o tamanho do texto. Dada a sua importância, hoje em dia, esta é uma função que se encontra disponível em quase todos os dispositivos móveis. É importante que programadores e designers não a desativem e que garantam que o conteúdo funciona como esperado, mesmo quando ampliado ou redimensionado. Práticas de conceção responsivas permitem que o conteúdo se adapte a variações do tamanho do texto e diferentes posicionamentos, de acordo com as especificações do dispositivo, do software e das preferências do utilizador. A existência de opções nas páginas para redimensionar texto pode ser útil e contribbuir para aumentar a facilidade de uso da aplicação.
Algumas experiências móveis são concebidas de origem para visualizações espcíficas em modo retrato ou paisagem, no entanto há pessoas que precisam ou preferem ter a opção de troca entre modos de visualização retrato/paisagem sempre ativo ou que usam sempre um dos modos. Para além disso, todos os utilizadores dizem que os sítios Web ou as aplicações móveis são mais fáceis de usar quando as suas páginas se apresentam com padrões esperados e se apresentam de forma consistente entre páginas e entre funções.
Mesmo que a regra seja a de mostrar quantidades mais pequenas de conteúdo de uma só vez, a organização e a etiquetagem adequada dos conteúdos em dispositivos móveis são tão relevantes quanto na experiência em computador. Todas as páginas e conteúdos precisam de ser intuitivamente navegáveis através da visão ou de qualquer tecnologia de apoio utilizada - um leitor de ecrã, por exemplo. Construir páginas fáceis de pesquisar, com funcionalidades fáceis de compreender e assegurar que a experiência se encontra otimizada para qualquer utilizador independentemente da forma de uso.
Tal como num sítio Web, ou em qualquer outra plataforma digital, a disponibilização de alternativas em texto é crítica. Esta técnica permite que os utilizadores de tecnologias de apoio, mas também todos aqueles que tenham conexões lentas à Internet ou que, por qualquer razão técnica ou ambiental, se vejam impedidos de aceder a uma imagem, um gráfico, um vídeo ou um registo áudio, disponham de uma forma alternativa em texto que lhes permita aceder à mensagem veiculada por aqueles.
As cores são elementos importantes para personalizar marcas e interfaces. A regra é usar a cor de forma criativa, mas efetiva, que funcione para vários utilizadores. Na verdade, existem apenas duas importantes considerações de acessibilidade a ter em conta: (1) usar um contraste suficiente e (2) evitar a cor como única pista visual para veicular informações importantes. Embora o uso adequado de cores seja igualmente importante em computadores, nos dispositivos móveis o uso da cor torna-se ainda mais crítico. A utilização dos dispositivos móveis nos mais diversos ambientes, com diferentes condições de luminosidade, torna a tarefa de ver o ecrã um desafio mais sensível às cores em uso. Desafio que afeta em maior ou menor grau todos os utilizadores e não apenas pessoas com dificuldades de perceção da cor ou com baixa visão.
A presente lista de requisitos foi compilada pelo Núcleo de Acessibilidade e Experiência Digital da AMA, I.P.
Principais autores:
Apple. (2024). Human Interface Guidelines - Accessibility.
Appt. (2024). Appt Evaluation Methodology (Appt-EM)
Bureau of Internet Accessibility. (2021). The definitive mobile accessibility checklist: Open your mobile website and apps to a wider audience. Estados Unidos da América: BOIA.
Deque. (2024). Rules & Remediation
Evinced. (2024). MCAG - Mobile Content Accessibility Guidellines.
Google. (2024). Principles for improving app accessibility.
Paul J. Adam. (??). Mobile Accessibility QA Testing Checklist.
W3C/WAI. (2023). Techniques for WCAG 2.1. Developed by Accessibility Guidelines Working Group (AG WG) Participants. Updated 20 June 2023.
W3C/WAI. (2015). Mobile Accessibility: How WCAG 2.0 and Other W3C/WAI Guidelines Apply to Mobile. W3C First Public Working Draft 26 February 2015.